sexta-feira, dezembro 25, 2015

AOS AMIGOS TITÂNICOS - FELIZ NATAL


Natal é época de renascimento, de reacender o fogo da vida, de renovar os sonhos e metas para o ano que já se anuncia. É tempo de dar um toque na vida com as cores da esperança, da fé, da paz e do amor. Celebramos o nascimento de Jesus, aquele que veio ao mundo e morreu por nós. Essa é a hora certa de refletir e agradecer por todas as dádivas recebidas, abrir o coração para o bem. Então, que esse sentimento de fraternidade perpetue em nós por todo o ano que está chegando, e assim será Natal, todos os dias.

Um Feliz Natal e um próspero Ano Novo cheio de amor, paz e união, em todo o ano que se aproxima.



FELIZ NATAL!!!
São os meus mais sinceros votos,
para você e toda a sua família.

Alencar - Dez/2015

sábado, novembro 21, 2015

HMHS BRITANNIC - 99 ANOS DO SEU NAUFRÁGIO


O RMS Britannic foi o último dos três navios que a Harland and Wolff construiu para a White Star Line. A quilha foi construída antes da viagem inaugural do Titanic, mas a construção foi paralisada depois que o Titanic afundou. Antes da retomada da construção, vários mudanças foram feitas ao Britannic, inclusive um casco duplo e anteparas aprova d'água que alcançavam até o deck "B" - as antepara aprova d'água do Titanic só iam até o deck "E". Ele seria chamado de RMS Gigantic, mas foi mudado para Britannic logo após a catástrofe do Titanic.

Estas modificações fizeram do Britannic o maior tonelagem bruta, cerca de 48.158 toneladas. Como um navio hospital ele era aproximadamente 5% maior e provavelmente teria alcançado as 50.000 toneladas quando convertido a um transatlântico comercial. A White Star ficou obcecada com a segurança de seus navios depois do desastre do Titanic.

Ele foi lançado em 26 de fevereiro de 1914 e a White Star anunciou que ela faria a linha entre Southampton a Nova Iorque a partir da primavera de 1915. Com o início da Primeira Guerra Mundial, em 13 de novembro de 1915 ele foi requisitado pelo almirantado e oficialmente foi completado como um navio hospital. Sua parte interna quase completadas foi convertida em dormitórios e quartos operacionais. Atracou em Liverpool no dia 12 de dezembro de 1915 debaixo de uma pesada escolta armada. Foi equipado para a função de navio hospital com 2.034 cabines e 1.035 camas para vítimas. Um pessoal médico de 52 oficiais, 101 enfermeiras, 336 ordenanças, e uma tripulação de 675 homens e mulheres. O navio estava sob o comando do Capitão Charles A. Bartlett.

O Britannic foi comissionado como HMHS "His Majesty's Hospital Ship", Navio Hospital da Vossa Majestade. Sua primeira viagem em 23 de dezembro de 1915, com destino a Moudros na ilha de Lemnos. Ele foi juntar-se ao Mauretania, Aquitania, e seu irmão, o Olympic, no "Serviço de Dardanelles". Juntos os cinco navios eram capazes de levar 17.000 doentes e feridos ou 33.000 soldados. Por causa de seus tamanhos, os cinco navios inclusive o Britannic tinham que ancorar em águas muito profundas e confiar em oito navios balsas menores para transportar os feridos e doentes das docas do front de batalha até eles.

O Natal foi celebrado no Britannic quando ele estava rumo ao porto de carvão de Nápoles, onde chegou dia 28 de dezembro, 1915. Uma vez abastecido, ele partiu dia 29 de dezembro com destino a Moudros, onde passou quatro dias vendo o começo do ano de 1916 e resgatando 3.300 feridos e pessoal militar doente.

O Britannic retornou a Southampton em 9 de janeiro de 1916 onde os pacientes que transportava foram transferidos a hospitais em Londres. Sua segunda viagem foi pequena. Teve que ir buscar feridos em Nápoles e retornou a Southampton dia 9 de fevereiro de 1916. A terceira viagem foi igualmente monótona como as anteriores. Passou quatro semanas como hospital flutuante na Ilha de Wight Cowes. Após isso o Britannic voltou a Belfast em 6 de junho de 1916 e foi devolvido a White Star Line. A Harland and Wolff começou a convertê-lo para um navio de linha mais uma vez, mas o trabalho foi detido quando o Almirantado solicitou-o novamente para serviços de guerra. Então ele voltou uma vez mais a Southampton em 28 de agosto de 1916.

O Britannic começou sua quarta viagem em 24 de setembro de 1916 com membros do Departamento de Ajuda Voluntária, a bordo. Estes membros do DAV seriam transportados a Mudros. Seguindo para abastecimento em Nápoles, o navio chegou a Mudros no dia 3 de outubro de 1916. O Britannic foi detido em Mudros enquanto os funcionários investigavam a possível causa de intoxicação gastrointestinal que tiverem algumas pessoas. O navio retornou a Southampton em 11 de outubro de 1916.

A quinta viagem teve novamente a escala Southampton, Nápoles e Mudros. No último dia dessa viagem o Britannic enfrentou mares revoltosos e tempestades. Após enfrentar as tormentas retornou finalmente a Southampton com mais de 3.000 feridos. O Aquitania sofreu sérios danos durante a tempestade e deve que atracar para reparos. Por causa disso Britannic foi convocado para sua sexta viagem depois de quatro dias ancorado.

O Britannic partiu de Southampton num domingo, dia 12 de novembro de 1916. O tempo estava tranqüilo. Ele não levava nenhum "passageiro". No dia 17 de novembro de 1916, chegou a Nápoles, para abastecer e partir no sábado, mas uma tempestade feroz atrasou sua partida.


Terça-feira, 21 de novembro de 1916, um dia perfeito. O Britannic estava navegando pelo Canal de Kea no mar Egeu, em plena Primeira Guerra Mundial. Logo após as 8:00 da manhã, uma tremenda explosão golpeou o Britannic, adernou e começou afundar muito depressa pela proa. O Capitão Bartlett experimentou encalhar o Britannic na Ilha de Kea, mas não teve sucesso. Em 55 minutos, o maior transatlântico da Inglaterra, com apenas 351 dias de vida, afundou. A explosão ocorreu aparentemente entre a 2ª e a 3ª antepara a prova d'água e a antepara 2 e 1 também foram danificadas. Ao mesmo tempo, começou a fazer água na sala de caldeiras 5 e 6. Este era asperamente o mesmo dano que levou seu irmão, o Titanic, a afundar.

O capitão Charles Bartlett foi o último a abandonar o navio e infelizmente 30 pessoas morreram na ocasião quando havia mais de 1100 a bordo. A maioria destas mortes ocorreu quando os hélices emergiram das águas e sugou alguns barcos salva-vidas. Os motores ainda estavam em funcionamento, pois na correria de tentar encalhar o navio e ao mesmo tempo tentar entrar nos botes, esqueceram de parar os motores.


Relação dos mortos no naufrágio do HMHS Britannic:

Arthur Binks / Arthur Dennis / Charles C. S. Garland
Charles J. D. Phillips / Frank Joseph Earley / G. Philps
George De Lara Honeycott / George James Bostock / George Sherrin
George William Godwin / George William King / Henry Freebury
Henry James Toogood / James Patrick Rice / John Cropper
John George McFeat / Joseph Brown / Leonard George
Leonard Smith / Percival W. E. White / Pownall Gillespie
Robert Charles Babey / Thomas A. Crawford / Thomas Francis Tully
Thomas Jones / Thomas Taylor McDonald / Walter Jenkins
William Sharpe / William Smith / William Stone


O Britannic está tombado de lado a apenas 350 pés (107m) de profundidade. Tão raso que a proa bateu no fundo antes dele afundar totalmente, e devido ao imenso peso do navio a proa se retorceu toda. Ele foi descoberto em 1976 em uma Exploração dirigida pelo oceanógrafo Jacques Cousteau. Ele está totalmente intacto exceto pelo buraco provocado pela explosão e pela proa curvada e retorcida.

É fácil distinguir o Britannic de seus irmãos, devido aos gigantescos turcos de barco salva-vidas, e também porque a maioria das fotografias suas mostram ele todo pintado de branco com uma faixa verde pintada no casco de proa a popa, separada apenas por 3 grandes cruzes vermelhas de cada lado, designando-o como um navio hospital. O HMHS Britannic nunca chegou a receber um centavo para transportar um passageiro.

O Britannic é hoje o maior transatlântico naufragado.


HMHS BRITANNIC

Início da Construção: 30 de novembro de 1911.
Lançamento do Casco: 26 de fevereiro de 1914.
Naufrágio: 21 de novembro de 1916.

sexta-feira, outubro 23, 2015

LEILÃO DE UM BISCOITO DO TITANIC


Este simples biscoito de água e sal está prestes a bater o "recorde" de ser o mais valioso de todos os tempos. Na realidade, o que é lanche de muitas pessoas hoje em dia é uma relíquia proveniente de um dos mais famosos naufrágios de todos os tempos, o Titanic.

Da marca "Spillers and Bakers", o item foi mantido quase intacto após o acidente que matou cerca de 1.500 pessoas há mais de cem anos. Ele era parte de um kit de sobrevivência armazenado dentro de um dos botes salva-vidas do navio e foi guardado como lembrança.

O biscoito vai a leilão amanhã, dia 24, em Devizes, no Reino Unido, e tem como valor estimado de início em mais ou menos 50 mil reais. Ele foi recolhido por James Fenwick, um passageiro a bordo do SS Carpathia, embarcação que auxiliou sobreviventes do Titanic. Ele colocou o lanche em um envelope fotográfico Kodak com um bilhete original em que declarou: "Biscoito do barco salva-vidas do Titanic. Abril de 1912".

"É a bolacha mais valiosa do mundo", disse o leiloeiro, Andrew Aldridge. "Nós não sabemos de qual embarcação salva-vidas veio, mas não há outros exemplares do salvamento marítimo ainda existente a meu conhecimento. É incrível como o alimento sobreviveu a um evento tão dramático", completou.



Alguns outros itens iguais já foram também leiloados previamente devido à raridade e ao momento histórico de qual foram retirados. Um biscoito de uma das expedições de Shackleton foi vendido por cerca de 18 mil reais. Há também um biscoito da Lusitania em um museu na Irlanda.

O biscoito será vendido juntamente com uma fotografia única de sobreviventes do Titanic. Fenwick e sua mulher Mabel, eram recém-casados e estavam a bordo do navio para uma viagem de lua de mel que duraria três meses.

Fonte: The Guardian.



terça-feira, setembro 15, 2015

TITANIC MOMENTOS 10 ANOS



Hoje é um dia muito especial…

Hoje completamos 10 anos de existência. Tudo começou como um hobby, uma coisa sem grandes obrigações, mas aos poucos, foi-se tornando uma responsabilidade tão grande que às vezes imaginava que não fosse conseguir, mas eu tenho grandes amigos, amigos que incentivaram, apoiaram e deram idéias, e é por isso que hoje o blog TITANIC MOMENTOS comemora 10 anos junto com você titânico.

Obrigado pelas eternas visitas...


domingo, agosto 09, 2015

O JAPONÊS QUE SOBREVIVEU AO NAUFRÁGIO DO TITANIC



Masabumi Hosono era o único japonês à bordo do navio Titanic em 1912. Na época, ele tinha 41 anos, trabalhava como funcionário público no Japão e voltava de um longo período de trabalho na Rússia e Londres. Logo nas primeiras horas da manhã em 15 de abril, Hosono recebeu uma notícia alarmante: O navio em que estava havia se chocado com um Iceberg e a situação estava crítica, pra não dizer desesperadora.

O Titanic estava afundando. Além de ser estrangeiro, Hosono era passageiro da segunda classe e foi mandado para o térreo, bem longe dos botes salva-vidas. Mas em meio ao tumulto, ele chegou até o convés. Foi quando se deparou com um grande dilema que mudaria o rumo de sua vida: Um marinheiro avisava que ainda restavam dois lugares em um bote que já estava de partida e lotado de mulheres e crianças.

Um homem correu para ocupar um dos lugares, o que incentivou Hosono a fazer o mesmo. Neste momento tão dramático em sua vida, Hosono se angustiava ao pensar que nunca mais encontraria sua mulher e seus filhos que haviam ficado no Japão. Ele chegou inclusive a escrever uma carta para sua amada, intitulada como “On Board RMS Titanic”, assim que soube que a navio iria afundar.


Masabumi Hosono então, conseguiu se salvar do naufrágio do Titanic através do bote nº 13, um dos poucos botes salva-vidas do transatlântico. Por muitos, poderia ser considerado um herói, mas ao chegar no Japão, a história não foi bem assim. Aliás, pode-se dizer que a maior tragédia da sua vida não foi estar à bordo do Titanic e sim por ter sobrevivido ao naufrágio, um dos maiores da história.

No início, Hosono foi entrevistado por uma série de revistas e jornais, incluindo o jornal Yomiuri Shimbun, que publicou uma foto dele com sua família. Mas pouco tempo depois, passou a ser criticado e seu ato foi comparado à de Benjamin Guggenheim, um magnata que em um ato de cavalheirismo, preferiu vestir-se com o seu melhor traje de gala, e junto com seu fiel servo, esperou pela morte no bar do navio, ao invés de ocupar o lugar de uma mulher ou de uma criança em um bote salva-vidas.

Em 1912, as virtudes samurais, tais como honra, coragem, abnegação e sacrifício, eram muito mais evidentes que hoje em dia, e portanto, a sobrevivência de Hosono foi visto como um ato covarde. Para a sociedade japonesa da época, Hosono não fez nenhum feito digno de nota. Apenas sobreviveu… e aparentemente às custas de uma das centenas de vidas que não tiveram a mesma sorte.

Talvez isso tenha se agravado por Hosono pertencer a uma linhagem de samurais, que como sabemos são conhecidos por suas “mortes honrosas”. Ele foi demitido do emprego, passou a ser bombardeado com mensagens de ódio por seus próprios compatriotas e foi condenado ao ostracismo social.

Seu “ato de covardia” teria sido usado como exemplo nas escolas da época e sua própria filha em idade escolar teve que conviver com as calúnias voltadas ao seu pai. Hosono foi tornando-se um homem cada vez mais recluso e sempre discreto quando o assunto era sobre o Titanic. Talvez, o arrependimento e o desejo de tirar a própria vida tenha passado por sua mente diversas vezes.


Hosono e sua família passaram também por muitas dificuldades financeiras, uma vez que havia sido demitido do emprego. Porém, logo após o terremoto de Kanto no ano de 1923, Hosono foi convocado para trabalhar na rede ferroviária japonesa, já que era um profissional muito qualificado na área. E assim foi sua vida, até morrer por causas naturais em 1939, aos 68 anos de idade.

Hosono foi condenado pela sociedade japonesa por não ter priorizado o espírito nobre de um samurai. Era uma época em que o Japão se gabava do seu nacionalismo e se deslumbrava sobre suas vitórias sobre a China e a Rússia. A nação toda em geral queria exibir ao mundo não apenas sua capacidade militar como também seu senso de dever patriótico.

Aos olhos de muitos, Hosono não fez a lição de casa como deveria e pagou caro por isso. A história de Hosono permaneceu uma fonte de vergonha para sua família durante décadas, mas a reviravolta se deu com o lançamento do filme Titanic em 1997, quando finalmente o “poshumous pardon” foi concedido oficialmente pelo governo japonês, o que trouxe um grande alívio à família Hosono.

Por causa do filme, o interesse pela história de Hosono foi renovado e reavaliado. Passou a ganhar a simpatia das pessoas por começar a ser visto não como um covarde e sim, por ter colocado o amor que sentia por sua família acima de suas convicções sobre honra e códigos de conduta.

O neto de Hosono faz parte da banda japonesa Yellow Magic Orchestra e tem usado sua fama para recontar a história de seu avô. Em uma entrevista, Haruomi “Harry” Hosono mostrou o outro lado de seu avô: Um homem dedicado à família, cujo único desejo era rever a esposa e os seis filhos.

E você? O que achou da atitude de Masabumi Hosono? O que faria se estivesse no lugar dele diante de uma situação como essa? Tentaria salvar sua vida ou entregaria os pontos?



quinta-feira, abril 23, 2015

TITANIC E OS FATOS APÓS 1912...

1913
Em abril é criada nos Estados Unidos a Patrulha Internacional do Gelo, para atuar no Atlântico Norte sob a supervisão da Guarda Costeira. Em junho, Ismay, que desde o ano anterior vem sendo alvo de execração pública, perde suas posições de mando na White Star Line e na International Mercantile Marine e reduz sua vida social. Na International Mercantile Marine, cede seu lugar a Harold Sanderson, o mesmo executivo que o substituiu em 2 de abril de 1912, quando o Titanic partiu de Belfast para Southampton. A polonesa Leah Aks dá à luz uma menina e, desejando homenagear o Capitão Rostron, chama-a Sarah Carpathia Aks. As freiras do hospital, ao preencher o registro de nascimento, enganam-se, registrando a menina como Sarah Titanic Aks.

1914
Em fevereiro, a White Star Line lança o Gigantic, mas, para evitar alusões ao tamanho do navio e ao destino do Titanic, rebatiza-o: é o Britannic, que também terá vida breve. Um incêndio no Estúdio Eclair, nos Estados Unidos, destrói o filme Saved from Titanic, de 1912.

1915
Lançado na Itália o filme Titanic, em preto-e-branco, silencioso, com direção de Pier Angelo Mazzolotti. A 7 de maio, o Lusitania, da Cunard, é afundado por um submarino alemão no litoral da Irlanda. A 1º de setembro, o Olympic é requisitado pelo Almirantado Britânico para o transporte de tropas. No dia 24, deixará Belfast para exercer a nova atividade, sob o comando do Capitão Bertram Hays, e passará a ser chamado HMT Olympic (His Majesty's Transport).

1916
O Britannic, a serviço da marinha inglesa, afunda no mar Egeu ao bater numa mina alemã. Morre 28 pessoas, (alguns relatos dizem 30 pessoas), a maioria nos botes salva-vidas, sugados pelas hélices. Entre os sobreviventes, a agora enfermeira Violet Jessop, que, além de salvar-se no naufrágio do Titanic, também estava a bordo do Olympic, quando este colidiu com o cruzador Hawke.

1918
Em maio, o Olympic, dotado de canhões, é atacado por um submarino alemão. O torpedo falha. O Olympic responde e põe a pique a belonave inimiga. Alguns dos tripulantes do submarino sobrevivem e são recolhidos pelo contratorpedeiro norte-americano US Davis. Em novembro, com a rendição da Alemanha, o navio é devolvido à White Star Line, que modifica sua motorização para o emprego de óleo combustível.

1924
O Olympic, sob o comando do Capitão J. Howarth colide com um navio menor, o Fort St. George, no cais 59 do porto de Nova York.

1929
Em novembro, a quebradeira bancária nos Estados Unidos é relacionada com o afundamento do Titanic. Lançado na Inglaterra o filme Atlantic, em preto-e-branco, com direção de Ewald André Dupont e duração de 90 minutos. Reconstitui a tragédia com personagens de ficção. O Capitão Rostron publica o livro Home from the Sea.

1932
Lady Duff Gordon publica suas memórias, Discretions and Indiscretions, em que evoca sua experiência no Titanic. Morre em Nova York, aos 65 anos, Margaret Brown.

1934
O Olympic colide com o navio-farol Nantucket. A Cunard se associa à White Star Line. A nova companhia passa a chamar-se Cunard White Star. Pouco depois a absorve. Violet Jessop publica a memória Titanic Survivor.

1935
A 12 de abril, o RMS Olympic, o “Velho Confiável” retoma a Southampton, após sua última viagem a Nova York. Fez 500 travessias do Atlântico. A 13 de outubro, ruma para o estaleiro, em Belfast, onde suas peças mais valiosas são vendidas para residências, hotéis e museus.

1937
Após viver muitos anos em reclusão, morre Ismay, aos 74 anos. A 19 de setembro, aquilo que resta do RMS Olympic começa a ser desmontado e vendido como ferro-velho.

1941
Durante um ataque aéreo alemão a Belfast, uma bomba atinge o estaleiro Harland & Wolff, destruindo as plantas originais do Titanic.

1943
Lançado na Alemanha, em preto-e-branco, o filme Titanic, com direção de Werner Klingler e Herbert Selpin e duração de 85 minutos. A maior parte da película foi rodada a bordo do transatlântico Cap Arcona, ancorado no porto de Gdingen, no mar Báltico. Goebbels proíbe a exibição e ordena o recolhimento do negativo e suas cópias, redescobertas somente após o fim da guerra.

1945
A 30 de janeiro, torpedeado por um submarino soviético S-13, naufraga o navio alemão Wilhelm Gustiloff, com um passivo incerto entre 5.000 e 9.000 mortos. É a maior tragédia marítima da história.

1955
Walter Lord publica o clássico A Night to Remember.

1958
O Quarto Oficial Boxhall atua como conselheiro no filme de Roy Baker, A Night to Remember (Somente Deus por testemunha, já lançado em DVD no Brasil).

1980
Em julho e agosto, a bordo do H.J.W.Fay, expedição do milionário norte-americano Jack Grimm, com cientistas do Scripps lnstitute of Oceanography e do Lamont-Doherty Geological Observatory, tenta localizar, sem êxito, os restos do Titanic.

1981
Em junho, a bordo do Gyre, novo fracasso de Jack Grimm.

1983
Em julho, frustra-se a terceira e última expedição de Jack Grimm.

1985
De 9 de julho a 7 de agosto, a bordo do Le Surôit, a expe­dição franco-norte-americana liderada pelo Dr. Robert Ballard (Woods Hole Oceanographic Institution) e Jean-Louis Michel (Institute Français de Recherches pour l'Exploitation des Mers - IFREMER) procura o ponto do naufrágio, delimitando uma área de 260km². As operações são suspensas devido ao mau tempo. Os mesmos investigadores retomam ao Atlântico Norte, em expedição que começa a 22 de agosto e termina a 4 de setembro. Operando um sonar e o submergível não tripulado Argo, dirigido por controle remoto e dotado de câmara de vídeo que transmite as imagens por um cabo de fibra ótica, Ballard explora 80% da área anteriormente delimitada e, à uma hora da madrugada de 1º de setembro, descobre os restos do Titanic a quase quatro kilômetros de profundidade, 560km a sudeste de Terra Nova e a 1.600km de Nova York. A primeira visão de Ballard é uma das caldeiras. Os detritos se espalham em área de 2,6km². A pressão, nessa profundidade, é de 400kg por cm².


1986
A 13 de julho, no Atlantis II, o Dr. Ballard retoma ao mar e, com o pequeno submarino Alvin, procede ao primeiro mergulho tripulado às ruínas do Titanic. O submarino abriga três tripulantes, que operam por controle remoto o minúsculo robô Jason Junior. Preso a um cabo de 76m, o robô dispõe de holofotes, máquina fotográfica e câmara de vídeo, e explora o interior do navio, tanto a seção da proa como a da popa. A expedição encerra-se a 24 de julho, após 11 mergulhos. O congresso norte-americano aprova a Lei Memorial do Titanic, visando a preservação de seus restos.

1987
A 22 de julho, cientistas do IFREMER, patrocinados por empresas norte-americanas e a bordo do Nadir, mergulham no submergível Nautile, que opera o robô Robin. Em sete semanas, realizam 32 mergulhos e recolhem 1.800 objetos do Titanic. Empresários interessados na preservação dos restos do navio fundam a RMS Titanic Inc., que em cooperação com o IFREMER procede a uma nova expedição ao Titanic. Entre 1987 e 1996, 5.000 objetos serão resgatados e preservados. A 20 de dezembro, o navio de passageiros Dona Paz colide com um petroleiro nas Filipinas, vitimando 4.300 pessoas. É a maior tragédia marítima da história da navegação comercial.

1991
A IMAX Corporation, de Nova York, associada ao Instituto Oceanográfico P. P. Shirsov, de Moscou, filma o Titanic, realizando estudos biológicos e recolhendo amostras da metalurgia do casco. A expedição observa a ação predadora dos exploradores submarinos em busca de troféus, que modificaram o cenário do naufrágio. Realiza-se em Paris uma exposição dos objetos recolhidos do navio.

1994
Realiza-se em Londres, no National Maritime Museum, uma grande exposição, com objetos retirados do navio entre os anos 1987 e 1993 e a presença de passageiros do Titanic, entre eles Edith Eileen Brown, que em 1912 tinha 15 anos, e Eva Hart, que tinha sete, sobreviventes no Standard 14.

1996
IFREMER & RMS Titanic Inc. procedem a uma expedição fotográfica ao exterior e ao interior do navio. Tentam resgatar, sem êxito, uma parte do casco pesando 11 toneladas.

1997
Elizabeth Millvina Dean, a mais jovem sobrevivente do Titanic (Standard 10), retoma ao local do naufrágio como passageira do Queen Elizabeth II. Lançado nos Estados Unidos, o filme Titanic, com direção de James Cameron e duração de 194 minutos. O filme é o primeiro a passar a barreira de 1.8 bilhões de dólares em faturamento mundial.

1998
Localizada na Alemanha, em poder de um colecionador, cópia do filme In nacht und eis, de 1912. Originalmente com 30 minutos, na versão restaurada passou há ter 35 minutos. IFREMER & RMS Titanic Inc., em nova expedição liderada por George Tulloch, recolhem 20 toneladas de peças do casco do Titanic, que são carregadas no navio Abeille.

2001
Em meio a grande controvérsia pública, os norte-americanos David Leiboweitz e Kimberley Miller casam-se no fundo do mar, a bordo de um submarino, na vizinhança da sepultura do Titanic.

2002
Morre em Nova York, aos 84 anos, o escritor Walter Lord, autor do clássico A night to remember. O bebê desconhecido adotado pela tripulação do Mackay-Bennett é identificado pela tecnologia DNA. Ele se chamava Eino Viljam Panula, nascido a 10 de março de 1911, na Finlândia, e viajava na Terceira Classe do navio, com a mãe, Maria Panula, e dois irmãos pequenos, para encontrar o pai nos Estados Unidos. Todos pereceram no naufrágio.


2004
O Dr. Ballard retoma ao Titanic, 19 anos após sua descoberta, para chamar a atenção sobre os prejuízos sofridos pelos restos do navio com as visitas de exploradores pouco criteriosos.

2006
Morre em Massachusetts, aos 99 anos, a sobrevivente americana do Titanic, Lillian Gertrud Asplund. Restam apenas duas sobreviventes do naufrágio do Titanic, e ambas vivem na Inglaterra: Barbara Joyce West, de 95 anos e Elizabeth Gladys "Millvina" Dean, de 94 anos.

2007
Morre aos 96 anos, em uma casa de repouso em Camborne, Inglaterra, Barbara West Dainton, uma das duas últimas sobreviventes do naufrágio do Titanic. Barbara Dainton morreu em 16 de outubro, mas sua morte somente foi divulgada dia 8 de novembro. Elizabeth Gladys "Millvina", de Southampton, Inglaterra, que tinha 2 meses de idade no dia do naufrágio, é agora a única sobrevivente restante do desastre, de acordo com a Sociedade Histórica de Titanic.

2009
Morre aos 97 anos, em um asilo de Hampshire, no sudeste da Inglaterra, a última sobrevivente do naufrágio do Titanic, Millvina Dean. Em 1912, a família de Millvina Dean, que era um bebê de dois meses na época, emigrava para os Estados Unidos e seguia a bordo do navio. Millvina Dean morreu no dia 31 de maio, e suas cinzas foram jogadas ao mar no porto de Southampton, Inglaterra, no dia 24 de outubro.

2010
Uma bactéria até então desconhecida foi encontrada nos destroços do navio Titanic. Os destroços estão sendo devorados pelas bactérias e já não pode ser mais salvos. Os cientistas dizem que as bactérias corroem a ferrugem e o ferro tão rápido que o grande navio de 50.000 toneladas, poderá decompor-se completamente dentro de 15 a 20 anos.

quinta-feira, abril 16, 2015

TITANIC APÓS 15 DE ABRIL



16/04/1912

Nova comunicação da White Star Line ao Board of Trade, em Londres: pesarosa, a empresa admite a gravidade do acidente e o salvamento de menos de um terço das 2.227 pessoas que se encontravam a bordo.

17/04/1912
Na data prevista para a chegada do Titanic a Nova York, a White Star Line, freta o Mackay-Bennett, da Commercial Cable Co., para procurar corpos na zona do naufrágio.

18/04/1912
Navios da marinha norte-americana, enviadas pelo Presidente Taft, oferecem assistência ao Carpathia, que não responde. O telegrafista Bride recebe três mensagem, da Estação Marconi de Sea Gate, em Long Island, pedido para manter a boca fechada sobre o que aconteceu. A troca de sua história por dólares de quatro dígitos. As 20h30min, na sala de jantar do Carpathia, o menino Frank Goldsmith vê uma luz pela janela e acha que um navio quase se chocou com o Carpathia. Na verdade eram as luzes do porto de Nova York. Mais de 10.000 pessoas e dezenas de jornalistas esperam o Carpathia no porto, e quase 30.000 populares se distribuem pela margem do Rio Hudson. O navio ultrapassa o cais 54 da Cunard, e sobe o rio até o cais da White Star Line, onde vai arriar os botes que traz pendentes do costado. Os jornalistas, ansiosos por informações, fretam barcos para chegar perto do navio e fazem perguntas aos náufragos através de megafones. O Carpathia retorna ao cais da Cunard às 21h30min, para o desembarque dos 705 sobreviventes. Os imigrantes também vão desembarcar ali e não na ilha de Ellis, uma das raras ocasiões em que essa exigência do Serviço de Imigração será dispensada. Começa o tumultuado desembarque. O corretor William Sloper é assediado por jornalistas, como todos os náufragos, e recusa-se a dar entrevistas, reservando seu depoimento para o New Britain Herald, cujo editor é seu amigo. Bride, por sua vez, vai vender sua história ao New York Times por 1.000 dólares. Cottam receberá do mesmo jornal 750 dólares pelo relato de sua participação. Na confusão do cais, o cão de Elizabeth Rothschild morre sob as rodas de uma carruagem. O salvamento do animal no Standard 6 haverá de repercutir na imprensa, pois o marido de Elizabeth não teve a mesma sorte.

19/04/1912
Aberto no senado norte-americano o “United States Senate Inquiry”, sob a presidência do Senador William Smith. Serão ouvidas 82 pessoas. Um repórter do New York Herald, desgostos o com William Sloper, publica que ele conseguiu salvar-se porque se vestiu de mulher. Não é verdade, mas o corretor passará o resto de seus dias a defender-se da vil calúnia. No cais da White Star Line, os funcionários trabalham afanosamente nos botes resgatados, lixando o nome Titanic.

20/04/1912
Em entrevista ao Providence Journal, nos Estados Unidos, Alfred Stead, irmão do jornalista William Stead, reclama das circunstâncias em que sobreviveu o diretor de operações da White Star Line, Bruce Ismay. O vapor Bremen passa pela zona do naufrágio e seus passageiros vêem corpos no mar.

21/04/1912
A White Star Line freta o Minia, da Anglo- American Telegraph Co., para o resgate dos corpos.

24/04/1912
Os fornalheiros do Olympic, que está de partida, entram em greve, reivindicando suficientes botes salva-vidas. Desertam 285 tripulantes e a viagem é cancelada. O navio permanecerá seis meses fora de serviço, para ser equipado com 68 botes. Também serão procedidas alterações estruturais: com seis compartimentos de colisão inundados, o navio poderá flutuar.

25/04/1912
Um membro do parlamento britânico, Josiah Wedgwood, interpela o Board of Trade. Ele quer saber por que morreram 65,38% das crianças da Terceira Classe.

30/04/1912
Os oportunistas não perdem tempo: em dia incerto, ainda em abril, é lançado na Alemanha o primeiro filme sobre o naufrágio, In nacht und eis (Na noite e no gelo), em preto-e-branco, silencioso, dirigido por Mime Misu, com duração de 30 minutos. Retorna o Mackay-Bennett. Encontraram 306 corpos, 190 recolhidos e 166 sepultados no mar, alguns identificados e outros sepultados sem identificação após minuciosa descrição do biótipo, indumentária e pertences. O quarto corpo resgatado é o de um bebê desconhecido, que comove a tripulação. Sobre o bebê, clique no link e veja a matéria já colocada no blog Titanic Momentos: DNA IDENTIFICA CRIANÇA QUE MORREU NO TITANIC



02/05/1912
Aberto em Londres, por ordem do Lorde-Chanceler, Conde de Loreburn, o “British Wreck Comissioner's Inquiry”, sob a presidência de Charles Bigham, Lorde Mersey, membro da Câmara dos Lordes. Serão ouvidas 96 pessoas, entre elas Charles Lightoller, Bruce Ismay, Stanley Lord (Capitão do Californian), Marconi, membros da tripulação, construtores do navio e inspetores do Board of Trade. Os únicos passageiros convidados a depor serão os menos aptos, Sir Cosmo e Lady Duff Gordon.

03/05/1912
Retoma o Minia: 17 corpos, 15 recolhidos e dois sepultados no mar.

04/05/1912
A tripulação do Mackay-Bennett acompanha o sepultamento do bebê desconhecido, que ela adotou, no Fairview Lawn Cemitery, em Halifax. No pequeno caixão, sobre o peito da criança, uma placa: "Our babe" (Nosso bebê). Os marujos se cotizam e erguem um monumento no túmulo.

06/05/1912
Parte o Montmagny, do governo canadense, para o resgate dos corpos. Achará quatro corpos: três recolhidos e um sepultado no mar.

14/05/1912
Um mês após o naufrágio, estréia nos Estados Unidos, em preto-e-branco, silencioso, o filme Saved from the Titanic, dirigido por Étienne Arnaud, com duração de dez minutos e protagonizado pela atriz Dorothy Gibson, sobrevivente no Standard 7, que representa seu próprio papel.

15/05/1912
A White Star Line freta o Algerine, de Bouring Brothers, para o resgate de corpos. Achará apenas um corpo. O total de corpos encontrados: 328.

25/05/1912
Encerrado o inquérito norte-americano. Mais isento do que o britânico, responsabiliza principalmente o Capitão Edward Smith, Bruce Ismay, Andrews Thomas e o Capitão do Californian Stanley Lord, mas é prejudicado pela insistência em temas colaterais, como a constituição e o regime dos icebergs, e pela ignorância dos senadores em assuntos náuticos, incapazes de compreender questões singelas como, por exemplo, a diferença entre a numeração regulamentar dos botes salva-vidas e a ordem de arriamento.

12/06/1912
Suspenso o resgate de corpos.

03/07/1912
Encerrado o inquérito britânico, cujo maior cuidado é inocentar a White Star Line, o Capitão Edward Smith e o Board of Trade. O Capitão Stanley Lord, do Californian, é considerado o maior culpado pela tragédia. Lorde Mersey não percebeu, ou não quis perceber, que a lastimável omissão do comandante do Californian atuou sobre um efeito produzido por outrem. A condição necessária do naufrágio é o iceberg, sem o qual não ocorreria, mas sua causa principal passa ao longe do infortunado capitão, que ao agravar aquele efeito se identifica como causa meramente acessória, à semelhança dos oficiais Henry Wilde, William Murdoch e Charles Lightoller, que podendo salvar até 1.178 pessoas nos botes, salvaram apenas 705. De resto, entre o Californian e o Titanic havia uma barreira de gelo. Os culpados têm outros nomes.

quarta-feira, abril 15, 2015

HÁ 103 ANOS NO DIA 15/04/1912


0h:00min
Ismay conversa com o engenheiro Bell. Os problemas são sérios, diz o técnico, mas as bombas de esgoto vão manter a flutuação. Boxhall desce outra vez. Na sala do correio, já com meio metro de água, os agentes ainda tentam salvar a correspondência.

0h:05min
Andrews retoma com informações desoladoras. Os quatro primeiros compartimentos de colisão estão inundados, forçando a proa para baixo. Em breve a água ultrapassará a quarta antepara, passando ao quinto compartimento, e assim sucessivamente. O navio não foi construído para enfrentar danos de tal magnitude e o naufrágio ocorrerá em uma hora e meia, talvez duas. O capitão manda que os botes sejam descobertos e os passageiros convocados às áreas superiores externas, todos com coletes salva-vidas.

0h:10min
No Californian, o Terceiro Oficial Charles Groves, tenta contatar pela lâmpada Morse com o navio imóvel e iluminado. Não obtêm resposta. O Capitão Lord pede ao Segundo Oficial Herbert Stone, que observe. Ele ainda acha que não é o Titanic, mas um cargueiro. A maioria das caldeiras foi fechada e nuvens de vapor manam das válvulas de segurança no corpo das chaminés, exaurindo a pressão resultante da parada dos motores. O barulho é tamanho que dificulta a comunicação entre as pessoas no convés dos barcos. As caldeiras distantes da proa continuam em funcionamento, sob o comando do engenheiro Bell, para que acionem as bombas de esgoto e alimentem os geradores, assegurando energia para a iluminação e o serviço telegráfico.

0h:15min
O mecânico Ernest Gill que espairece na coberta do Californian, observa as luzes do navio parado. Ele julga que é um vapor alemão de passageiros, em viagem para Nova York. Na Sala Marconi, perplexos, os telegrafistas acabam de ouvir o capitão ordenar pedido de socorro a todos os navios. Os dedos nervosos de Phillips acionam o manipulador. O primeiro a responder é o alemão Frankfurt, do Norddeutscher Lloyd: está na escuta e logo chamará de volta. O La Provence, da Compagnie Generale Transatlantique, e o Mount Temple, da Canadian Pacific, copiam a mensagem, também ouvida na estação Marconi de Cape Race. A bordo, os passageiros circulam como sonâmbulos, e tal atmosfera de irrealidade se adensa quando, por ordem do capitão, o conjunto de Wallace Hartley começa a tocar peças do ragtime na sala de estar da Primeira Classe, entre elas “Alexander’s Ragtime Band” e “Great Big Beautiful Doll”. Mais tarde, vai transferir-se para o convés dos barcos, tocando junto à porta de bombordo da grande escadaria da proa.

0h:17min
Nova mensagem do Titanic a todos os navios

0h:18min
O código de emergência é ouvido pelo Ypiranga, da Hamburg-Amerika Linie. O Frankfurt comunica que se encontra a 283km.


0h:20min
Andrews é um altruísta, não é em vão que, dos oficiais aos carvoeiros, todos os tripulantes o estimam, e sendo o construtor do navio, mais aguda se torna sua angústia. Andrews pede que Etches o acompanhe ao convés C e confira cabine por cabine, avisando que os coletes salva-vidas se encontram na prateleira superior do roupeiro. Etches desce e no caminho vê o comissário McElroy em sua sala, cercado de homens e mulheres. São passageiros da Primeira Classe em busca de jóias e valores em depósito.

0h:25min
No Carpathia, da Cunard, navegando de Nova York para Gibraltar e comandado pelo Capitão Arthur Rostron, o telegrafista Harold Cottam, ainda ignora o que aconteceu com o Titanic, e antes de desligar o aparelho e ir dormir, resolve alertá-lo que copiou mensagens de Cape Race. Nos minutos seguintes outros navios chamarão, mas, à exceção do Mount Temple, a 90km, estão distantes: o Birma, da Russian East Asiatic, 130km, o Virginian, da Allan Line, 315km, e o Baltic, da White Star Line, a 450km. O Titanic apresenta forte inclinação para frente e para bombordo, mas os passageiros, simplesmente, negam o que seus olhos vêem. Se nem Deus consegue afundar este navio, por que um magote de gelo sujo o conseguiria? O Capitão Smith ordena finalmente: todos, sem precipitação, preparem-se para abandonar o navio. Primeiramente, mulheres e crianças. O embarque de estibordo começa a ser coordenado por Murdoch, o de bombordo, por Lightoller.

0h:26min
Boxhall deixa sobre a mesa de Phillips um papel com a nova posição calculada do Titanic.

0h:30min
No convés C, os comissários McElroy e Barker ainda atendem ansiosos passageiros que exigem a devolução do que guardaram. Mais uma vez, o Californian tenta em vão contatar pela lâmpada Morse com o navio parado. No Mount Temple, de Antuérpia para Nova York, o Capitão Moore ordena que o navio, em sua velocidade máxima de 11,5 nós siga na direção do Titanic.

0h:34min
Phillips faz contato com o Olympic, comandado pelo Capitão Haddock, a 926km de distância. O Capitão Haddock desvia o curso, mas para chegar à zona do naufrágio precisa navegar 23 horas. O Carpathia está a 91km de distância. Sua velocidade de cruzeiro é de 14,5 nós. O Capitão Rostron manda imprimir pressão total às caldeiras. A calefação é desligada, para que todo o vapor produzido se destine aos motores, e o velho navio agora avança à velocidade jamais experimentada de 17,5 nós. Contudo, não espera alcançar o Titanic antes das quatro horas da manhã.

0h:40min
Murdoch e Lightoller organizam o embarque na penumbra, sob a supervisão de Wilde. Não é permitido que os homens se aproximem. Os emigrantes compreendem, finalmente, que precisam abandonar as cabines e os pertences: a água avança. Quando começam a subir, encontram as portas dos conveses superiores fechadas e vigiadas por tripulantes que só permitem a passagem das raras mulheres e crianças que se apresentam. Aos homens, é assegurado que está vindo uma embarcação para socorrê-los.

0h:45min
Murdoch, auxiliado por McElroy, Ismay e Pitman, arria de estibordo o Standard 7 com apenas 28 pessoas (16 homens e 12 mulheres = 03 tripulantes e 25 passageiros da Primeira Classe), sob o comando do vigia Hogg. Phillips, por sugestão de Bride, emprega pela primeira vez o novo código SOS. As luzes do navio desconhecido ainda promovem esperanças, e os timoneiros Rowe e Bright, orientados por Boxhall, iniciam o lançamento dos foguetes de sinalização, oito ao todo, com intervalos de aproximadamente cinco minutos. Os foguetes sobem a mais de 24m e explodem em 12 estrelas brancas. No Californian, tripulantes observam foguetes, e o aprendiz de oficial James Gibson, informa o Capitão Lord. Vistos à distância, não se elevam a grande altura e não produzem nenhum som. O capitão conclui que são fogos festivos. Outro tripulante os confunde com estrelas cadentes.

0h:50min
Em seu alojamento, o Capitão Lord comunica-se pelo tubo com o Segundo Oficial Stone, na sala de navegação. Quer saber se o navio iluminado está mais perto. O outro informa que não e acrescenta que o mesmo está lançando foguetes, mas não responde à lâmpada e agora já se afasta. O capitão vai dormir.

0h:52min
O mecânico Gill, no Californian, viu os primeiros foguetes e desconfia de que o navio tem problemas. Como é apenas um trabalhador da casa de máquinas, não lhe corresponde fazer observações marítimas e menos ainda comunicá-las ao capitão, guarda para si a suspeita.


0h:53min
Lowe e Pitman tratam do embarque no Standard 5. A operação é demorada, os tripulantes não têm familiaridade com os turcos e Ismay atrapalha com ordens absurdas. Lowe perde a paciência e o interpela: - Quer que eu lance o barco mais depressa? Quer que afogue a todos? Se parar de me infernizar posso fazer o que precisa ser feito. O dono do navio não retruca e se afasta. Murdoch ordena que Pitman assuma o comando do Standard 5.

0h:55min
Lightoller arria de bombordo o Standard 6, com 27 pessoas (03 homens e 24 mulheres = 02 tripulantes, 24 passageiros da Primeira Classe e um da Terceira Classe), sob o comando do timoneiro Hichens. O bote desce e, sete metros abaixo, na altura do convés C, Hichens grita, reclamando que precisa de um navegador. O Major Peuchen adianta-se e revela a Lightoller sua condição de iatista. O oficial, aferrado ao propósito de embarcar apenas mulheres, crianças e remadores, resmunga que se Peuchen é de fato um homem do mar, deve agarrar um cabo e descer por ele. Os 52 anos do major não se intimidam. Ele se pendura e desliza até o bote. É o seu 28º ocupante. Murdoch e Lowe arriam de estibordo o Standard 5 com 39 pessoas (15 homens, 23 mulheres e uma criança = 03 tripulantes e 36 passageiros da Primeira Classe), sob o comando de Pitman.

1h:00min
Lightoller manda o marujo Samuel Hemming, trazer as lanternas de emergência, ainda guardadas. Tardia providência, três botes já foram lançados sem luz e outros ainda o serão, antes que as lanternas apareçam. Na proa, a água cobre a inscrição com o nome do navio. Phillips envia nova mensagem ao Olympic, indicando a posição e frisando que o navio bateu no gelo. A banda continua tocando. Murdoch e Lowe arriam de estibordo o Standard 3, com 48 pessoas (23 homens, 24 mulheres e uma criança = 10 tripulantes e 38 passageiros da Primeira Classe), sob o comando do marujo Moore. Sir Cosmo Duff Gordon encosta em Murdoch e, referindo-se ao Cúter 1, pergunta se pode tomá-lo com sua esposa, o oficial autoriza. Wilde organiza embarque no Standard 8, auxiliado por Gracie. Isidor Strauss traz a esposa, Rosalie. No último instante, da retrocede, não quer tomar o bote, sem seu marido Isidor, que recusa embarcar antes dos outros homens, o coronel e outros não conseguem persuadi-la.

1h:10min
Arriado o Cúter 1, com apenas 12 pessoas onde cabem 40 (10 homens e duas mulheres = 07 tripulantes e 05 passageiros da Primeira Classe). A operação é na área de Murdoch, mas quem a procede são tripulantes que, ato contínuo, pulam para o bote, provavelmente em decorrência de entendimento prévio com Sir Cosmo. O comando é do vigia Symons. Wilde arria de bombordo o Standard 8 com 39 pessoas (04 homens e 35 mulheres = 04 tripulantes e 35 passageiros da Primeira Classe), sob o comando do marujo Thomas Jones. O mar desborda a sexta antepara. A terceira sala das caldeiras, no meio do navio, está inundada. Alguns fornalheiros fugiram, um pequeno grupo ficou para trás e é alcançado pela água. Wilde já se ocupa do Standard 10. Com o navio adernando para bombordo, o bote pendurado afasta-se mais de meio metro do convés.

1h:15min
Pronuncia-se a inclinação do navio para bombordo. Indignado, Andrews exige dos oficiais que os botes sejam arriados com lotação completa. Murdoch manda que o Standard 9 seja carregado no convés A, cujas aberturas, nesta seção, não dispõem de telas.

1h:17min
Phillips renova o pedido de socorro a todos os navios.

1h:20min
Phillips repete sem cessar a mensagem de CQD. O navio, agora, aderna para o outro lado, mas em minutos tornará a pender para bombordo: com a água a irromper por todos os caminhos dos conveses inferiores. As portas do convés dos barcos que dão para as escadarias foram fechadas para evitar que a invasão dos passageiros da Terceira Classe venha a tumultuar o embarque. Tripulantes controlam a multidão, permitindo tão-só a passagem das mulheres e crianças que se apresentam. Wilde arria de bombordo o Standard 10 com 54 pessoas (07 homens, 42 mulheres e 05 crianças = 05 tripulantes e, em maioria, passageiros da Segunda Classe), sob o comando do marujo Edward Buley. Murdoch arria de estibordo o Standard 9, com 56 pessoas (16 homens, 38 mulheres e duas crianças = 08 tripulantes e, em maioria, passageiros da Segunda Classe), sob o comando do contramestre Haines.

1h:25min
Wilde, auxiliado por Grade, arria de bombordo o Standard 12 com 42 pessoas (03 homens, 37 mulheres e duas crianças = dois tripulantes e, em maioria, passageiros da Segunda Classe), sob o comando do marujo Frederick Clench. Enquanto o bote desce, o 43º passageiro: é o britânico Gus Cohen, da Terceira, que pula do convés, tombando sobre a também britânica Lutie Parrish, da Segunda, e ferindo-lhe o tórax e a perna. Arriado por Murdoch do convés A de estibordo o Standard 11, com 70 pessoas (12 homens, 51 mulheres e 07 crianças = 09 tripulantes e, em maioria, passageiros da Segunda Classe), sob o comando do timoneiro Sidney Humphreys. Lightoller arria de bombordo o Standard 14 com 63 pessoas (11 homens, 41 mulheres e 11 crianças = 08 tripulantes e, em maioria, passageiros da Segunda Classe), sob o comando do Oficial Lowe.

1h:30min
Benjamin Guggenheim retoma à cabine para trocar de roupa e se prepara para afundar como cavalheiro. Os passageiros da Terceira Classe forçam a porta de uma das escadarias, invadindo o convés dos barcos. Entre eles, inúmeras mulheres e crianças. Os homens portam punhais, facas, porretes, e lutam com a tripulação para abrir caminho. Segundo o Dr. Dodge, que ainda está a bordo, alguns são mortos a tiros. Em meio ao tumulto, o Capitão Smith é visto caminhando no convés A em estado de choque, ignorando o que acontece à sua volta.

1h:31min
Do Titanic para o Olympic: Casa de máquinas inundada.

1h:33min
No mar, os botes se distanciam lentamente do Titanic para evitar a sucção do afundamento. No Cúter 1, o Money Boat, lançado há meia hora, os tripulantes perdem o senso de direção: remam diretamente para um grupo de luzes até perceber que são as do navio que afunda.

1h:35min
Murdoch arria do convés A de estibordo o Standard 13, com 64 pessoas (21 homens, 35 mulheres e 08 crianças = 06 tripulantes e, em maioria, passageiros da Terceira Classe), sob o comando do fornalheiro-chefe Barrett. Trinta segundos após o lançamento do 13, Murdoch arria do convés de estibordo o Standard 15, com 70 pessoas (29 homens, 35 mulheres e 06 crianças = 05 tripulantes e, em sua maioria, passageiros da Terceira Classe), sob o comando do fornalheiro Frank Dymond. Enquanto Rowe lança o oitavo e último foguete, Lightoller, auxiliado por Moody, arria de bombordo o Standard 16, com 56 pessoas (06 homens, 45 mulheres e 05 crianças = 06 tripulantes e, em sua maioria, passageiros da Terceira Classe), sob o comando do mestre-de-armas Joseph Bailey. Gritos no convés de bombordo, é Wilde defendendo o Cúter 2. A estibordo, tiros: é Murdoch, já menos complacente, a impedir que um grupo de homens ocupe o Dobrável C.

1h:37min
Do Baltic para o Titanic: Estamos correndo em sua direção.


1h:40min
Wilde arria de estibordo o Dobrável C, com 69 pessoas (17 homens, 38 mulheres e 14 crianças = 05 tripulantes e, em maioria, passageiros da Terceira Classe), sob o comando do timoneiro Rowe. A descida é acidentada. Aderna tanto o navio para bombordo que o bote roça várias vezes no costado, correndo o risco de ter as bordas de lona rasgadas pelas cabeças dos rebites. Os homens, manejando os remos contra o casco, conseguem mantê-lo afastado. Do Titanic para o Birma: Afundando rapidamente. Passageiros nos botes.

1h:45min
Wilde arria de bombordo o Cúter 2, com 25 pessoas (06 homens, 15 mulheres e 04 crianças = 04 tripulantes e, em maioria, passageiros retardatários da Primeira Classe), sob o comando de Boxhall, que porta alguns foguetes de sinalização. Do Titanic para o Carpathia, última mensagem que este copia: Venha logo. Sala de máquinas inundada acima das caldeiras.

1h:47min
O Caronia ouve o Titanic, mas os sinais são fracos, indecifráveis.

1h:48min
O Asian tenta retomar contato, igualmente sem resultado.

1h:50min
Lightoller trabalha no retardado carregamento do Standard 4. Astor auxilia Madeleine e, observando que há lugares vagos, pergunta se pode acompanhar a esposa grávida, o acesso a ele é negado.

1h:55min
Lightoller, finalmente, arria de bombordo o barco atrasado, o Standard 4, com 40 pessoas (07 homens, 26 mulheres e 07 crianças = 07 tripulantes e, em esmagadora maioria, passageiros da Primeira Classe), sob o comando do timoneiro Walter Perkis. Sobram 25 lugares neste barco reservado para a elite e nem um só é oferecido às 56 crianças da Terceira Classe que vão morrer em meia-hora.

2h:00min
Os navios Olympic, Frankfurt e Baltic chamam o Titanic. Sem resposta. A banda toca hinos, toca também Nearer, my God, to thee (Mais perto de ti, Senhor), composição de Sarah Flower Adams em 1841, que Wallace Hartley costuma dizer que reserva para seu funeral. No convés A, Lightoller instrui os subordinados a formarem um círculo com os braços dados, para que apenas mulheres e crianças embarquem no Dobrável D, já pendurado nos turcos do Cúter 2.

2h:05min
O naufrágio pode ocorrer a qualquer momento. Toda a sorte de objetos desliza na direção da proa. Dos salões, das cabines, das cozinhas, sobem aos conveses superiores o estalejar de louça, vidros, metais, e as detonações do mobiliário ao chocar-se contra as paredes de vante, atribuindo uma cadência apocalíptica ao estridor das válvulas de segurança. Arriado do convés A de bombordo o Dobrável D com 44 pessoas (07 homens, 33 mulheres e 04 crianças = 03 tripulantes e, em maioria, passageiros da Primeira Classe), sob o comando de Arthur Bright. É o último de bombordo e leva os meninos Edmond e Michel Navratil, de dois e três anos, que foram raptados pelo pai, em litígio com a mãe, e viajam com nomes falsos. Andrews é visto sozinho na sala dos fumantes da Primeira Classe, sentado, imóvel. Com o colete abandonado sobre a mesa, espera placidamente a morte, assumindo uma culpa que, afinal, é muito menos dele do que de outros.

2h:10min
O castelo da proa está submerso e a água ultrapassa a guarda de vante do convés A. Na cobertura do alojamento dos oficiais, os tripulantes, afobados, não conseguem retirar a lona que protege os dobráveis A e B, fixada por cordas, que serão cortadas com um canivete. Na Sala Marconi, o capitão libera os telegrafistas. Segurando-se onde pode para não escorregar no piso inclinado, vai à sala de navegação. Phillips envia a última mensagem, ouvida só pelo Virginian e com sinais tão débeis que não são decifrados. A banda toca Autumn.

2h:15min
A banda já parou de tocar. Murdoch, segundo Lightoller, manda pendurar o Dobrável A, já arriado de cima do alojamento do capitão, nos turcos do Cúter 1. A água transpõe a guarda da asa de bombordo da ponte e já alcança as primeiras janelas da sala de navegação. O capitão é visto nas imediações, mas Bride vai testemunhar que, na verdade, ele já pulou para o mar. O navio balança-se para frente, provocando ondas que se dissipam no convés dos barcos. Um dos oficiais suicida-se com um tiro na têmpora, ocorrência que três pessoas vão relatar. Lightoller e tripulantes, sobre o alojamento dos oficiais, empurram o Dobrável B por uma rampa feita com remos. O bote cai emborcado no convés de bombordo. É tarde. A proa mergulha e uma imensa onda invade o convés dos barcos. Lightoller pula e cai no costado do navio, junto a uma grade de entrada de ar da casa de máquinas. Pulam Phillips e Bride.

2h:17min
A água penetra velozmente pela grade da entrada de ar do costado, sugando Lightoller, que submerge com a proa. Logo é devolvido à superfície pela energia da explosão de uma caldeira. Ele nada e, à luz das estrelas, encontra o Dobrável B: é o primeiro passageiro do bote emborcado e parcialmente submerso. Em seguida, terá a companhia do ajudante de cozinha Collins, que dá com o bote ao vir à tona. A obliqüidade do navio, com a popa erguida, quebra a primeira chaminé, que ao tombar mata dezenas de pessoas que flutuam. Outro que escapa e pela segunda vez é Lightoller, a chaminé cai muito perto do Dobrável B. O Dobrável A é alcançado por 22 homens e 2 mulheres. Lightoller e Collins tentam desvirar o Dobrável B, sem sucesso. Logo serão 30 homens, espremidos sobre o fundo do bote.

2h:18min
As luzes do navio piscam uma vez e se apagam. Agora o Titanic é uma ingente massa negra e compacta contra o céu estrelado. Já não o será: com ruídos ensurdecedores, resultantes do deslocamento de toda a tralha de aço arrancada de suas bases, parte-se em dois pedaços, entre a terceira e a quarta chaminés.

2h:20min
Com um rugido monstruoso, a popa começa a mergulhar. As ondas sacodem os botes mais próximos. Aquele prodígio sobre as águas, insígnia da opulência eduardiana, não existe mais, e a deformada carcaça de uma era de esplendor viaja para seu túmulo, num ângulo de 30° e à espantosa velocidade de 75km horários, a 1.600 km da cidade em que Ismay queria aportar na terça-feira.


2h:25min
Mensagem do Birma para o Frankfurt, reportando que se encontra a 127km da zona do naufrágio. No Californian, tripulantes notam que o navio ao longe desapareceu. Concluem que, após uma parada, seguiu viagem.

2h:40min
O telegrafista do Mount Temple informa o Capitão Moore que há quase uma hora o Titanic não se manifesta. No Carpathia, Rostron determina o lançamento de foguetes de sinalização a cada 15 minutos, para prevenir o Titanic ou eventuais náufragos de sua aproximação. Dos 20 botes, apenas quatro ou cinco têm lanternas. Nos demais, os sobreviventes queimam pedaços de papel para indicar a posição e alertar algum navio nas imediações.

2h:45min
O Carpathia encontra vários icebergs e um oficial adverte o Capitão Rostron, que mantêm a mesma velocidade.

3h:00min
O Mount Temple, que vem do leste, depara-se com gelo pesado e diminui a marcha. No Standard 6, Hichens atormenta os passageiros. Em horário impreciso, entre 3 e 4h, as mulheres, lideradas por Margaret Brown, amotinam-se contra Hichens e ameaçam jogá-lo ao mar. O timoneiro enrola-se num cobertor e limita-se a praguejar em voz baixa. Lowe, no Standard 14, assume o comando da operação de salvamento, e faz com que se unam, amarrados, o Dobrável D e os standard 04, 10 e 12. Decidido a retomar em busca de sobreviventes, transfere para outros botes a maior parte dos passageiros que ocupam o seu. Após reunir oito homens, Lowe parte em direção ao resgate de sobreviventes.

3h:05min
Na sala de navegação do Mount Temple, o Capitão Moore vê a luz do mastro de um pequeno navio a pouco mais de um quilômetro à proa e é obrigado a manobrar para não abalroá-lo. A embarcação vem da região do naufrágio. O pesqueiro norueguês Samson, quem sabe?

3h15min
Do Carpathia para o Titanic: Se você continua aí: estamos lançando foguetes.

3h20min
A tripulação do Califomian vê novos foguetes ao sul. Outra festa, como aquela das primeiras horas da madrugada? Em meio a centenas de cadáveres, Lowe descobre quatro pessoas vivas, equilibrando-se sobre destroços que sobrenadam.

3h:25min
Os foguetes são vistos pelos náufragos nos botes. Cottam chama insistentemente o Titanic. O Baltic telegrafa ao Virginian, perguntando pelo Titanic. O Mount Temple pára, cercado de gelo, a 25krn da suposta zona do naufrágio.


3h:30min
O Carpathia chega à área reportada por Phillips e não encontra nada. Nem navio, nem destroços, nem botes.

3h:48min
Do Birma, supondo que o Titanic ainda está na escuta: A toda velocidade em sua direção. Chegaremos por volta das seis horas. Esperamos que estejam bem. Apenas 91 km nos separam.

3h:50min
O Ypiranga avisa a todos os navios que há muito tempo não ouve o Titanic, mas Cottam, no Carpathia, ainda o chama.

4h:00min
O Capitão Rostron manda desligar os motores, à espera. Seus oficiais, apreensivos, perscrutam o mar em todas as direções. No outro lado de um vasto campo de gelo, a tripulação do Californian vê um vapor na região em que, no começo da noite, observou o navio iluminado. O navio Carpathia também já é visto pelos náufragos, inclusive os do Dobrável B, a grande distância.

4h:05min
Um oficial do Carpathia, na proa, percebe no mar uma luz verde. São os foguetes de Boxhall no Cúter 2. O bote se aproxima vagarosamente. Começa a clarear o dia.


4h:10min
O navio manobra para facilitar e o Cúter 2 encosta abaixo da portaló de estibordo. Traz várias crianças. São arriadas escadas. O trabalho de resgate é lento, laborioso, dificultado pelos náufragos: alguns em pranto convulso, outros em estado de choque ou de histeria, além daqueles que se movem com estranhas pausas, calados, sombrios. O bote vazio é pendurado no costado. Em seguida virão os outros, que se distribuem numa área de aproximadamente 8km².

4h:18min
Do La Provence para o Celtic: Há mais de duas horas ninguém ouve o Titanic.

4h:30min
O Mount Temple tenta avançar e se imobiliza diante do mesmo campo de gelo que bloqueou o Californian.

4h:40min
Um segundo bote, o Cúter 1, é recolhido pelo Carpathia.

4h:45min
Recolhido o Standard 5 e, em seguida, o 13. Com intervalos variáveis e em horários imprecisos, vão chegando os demais.

4h:50min
O Mount Temple continua parado no meio do gelo.

4h:55min
Birma e Frankfurt trocam mensagens.

5h:00min
Encrespa-se o mar e aumentam as dificuldades do bote emborcado. A cada vez que é sacudido por uma onda, escapa um pouco de ar de seu interior e a proa afunda mais. Os homens continuam a trocar de posição, mas já estão muito cansados.

5h:10min
O Californian liga seus motores para deixar o campo de gelo. O lugar está cercado de grandes icebergs, esplendoroso panorama a contrastar com a magnitude da tragédia. Dependendo da direção em que lhes bate o sol nascente, suas cores mudam, são brancos, azuis e em tons que oscilam entre violeta e cinza escuro. Move-se também o Mount Temple. Recolhido o Standard 7.

5h:14min
O Birma avisa que se encontra a pouco mais de 50km do Titanic.

5h:25min
O Celtic tenta enviar mensagem ao Titanic através do Caronia, que responde: não há contato.

5h:30min
No Californian, o Chefe dos Oficiais Stewart desperta o telegrafista Evans e, comentando que um navio lançou foguetes durante a noite, aconselha-o a ligar o aparelho. Ele o faz com uma chamada geral, que de imediato é respondida pelo Frankfurt, que reporta que o Titanic naufragou. Evans, nervoso, pede a posição do Titanic. No Dobrável B, Lightoller sopra seu apito e chama a atenção dos botes amarrados, o Dobrável D - rebocado pelo 14 de Lowe, pois está fazendo água - e os standard 04, 10 e 12, a 800m de distância. Lowe manda que o 04 e o 12 voltem e recolham os sobreviventes. Antes do amanhecer, o 12 estará sobrecarregado com 70 pessoas transferidas de outros botes. O Dobrável B, vazio, também é rebocado por Lowe. No Dobrável A, sem as bordas e com o fundo sob a superfície, os náufragos, eretos - entre eles uma mulher, têm o mar nos joelhos. O bote vai afundar. Lowe parte em seu socorro e, antes da abordagem, dispara quatro tiros de alerta: ninguém deve se precipitar sobre o 14, sob pena de emborcá-lo. Três corpos são abandonados no bote, que fica à deriva.

5h:35min
Troca de mensagens entre o Californian e o Mount Temple, que lhe indica a suposta posição do Titanic, como pouco antes o fizera o Virginian. Com o mar apinhado de blocos de gelo, Lord ordena que o navio siga à meia força para a zona reportada.

6h:00min
O Mount Temple vê o Carpathia no outro lado do campo de gelo. Neste, prossegue o resgate dos botes e, da amurada, os passageiros da Cunard os fotografam. Recolhido o Standard 3. Em Nova York, são quase oito horas e já circulam os jornais matutinos com enormes manchetes, como o Herald's: O NOVO TITANIC BATE EM ICEBERG E PEDE AJUDA. NAVIOS CORREM EM SUA DIREÇÃO. Os jornalistas esperam um comunicado do escritório local da WSL. O Vice-Presidente Philip Franklin, desconhecendo que o navio está perdido, declara à imprensa que, mesmo batendo no gelo, ele pode flutuar indefinidamente. E acrescenta: - Nós temos absoluta confiança no Titanic. Estamos certos de que é insubmergível.

6h:15min
Troca de mensagens entre o Californian e o Birma.

6h:30min
Recolhido o Dobrável Cm Ismay esta a bordo. O médico o conduz à sua própria cabine, e durante o resto da viagem Ismay não vai abandoná-la. Não come, não bebe, exceto água com calmantes, e receberá mais tarde uma única visita, a do jovem Jack Thayer.

6h:55min
Recolhidos dez botes. Os passageiros do Carpathia colocam suas cabines à disposição dos náufragos.

7h:10min
O Californian pede ao Mount Temple sua posição. Os navios estão à vista um do outro, a oeste do campo gelado, mas o cargueiro da Leyland Line está mais próximo da zona do naufrágio. Ambos procuram passagens em meio ao gelo.

7h:30min
Em Nova York, já na metade da manhã, acorrem ao escritório da WSL, ansiosos por notícias, familiares e amigos das vítimas, como a esposa de Benjamin Guggenheim, o pai de Madeleine Astor e J. P. Morgan Jr., além de centenas de pessoas desconhecidas. Todos são recebidos com notícias tranqüilizadoras: não há motivo algum para preocupação, o Titanic não afunda, e na remota eventualidade de afundar, é certo que isto só lhe acontecerá após flutuar dois ou três dias. À tarde, aparecerá nas ruas um banner do Evening Sun: TODOS SALVOS NO TITANIC APÓS A COLISÃO.

7h:55min
À meia força, o Califomian começa a cruzar o campo de gelo.


8h:15min
Os náufragos estão a salvo no Carpathia, exceto os do Standard 12. No resgate do 6, minutos antes, a tripulação não queria aceitar a bordo o cão de Elizabeth Rothschild, mas teve de ceder, a mulher só se dispunha a subir se o animal a acompanhasse. No convés, corpos de pessoas que morreram durante a madrugada. Os cirurgiões, na enfermaria, assistem os sobreviventes.

8h:20min
A tripulação do Californian murmura contra o Capitão Lord, por não ter mandado despertar o telegrafista quando soube dos foguetes.

8h:30min
Chega o Californian, afinal, e já não há o que fazer. O Capitão Lord vê no mar pedaços de tábuas brancas, cadeiras de convés, almofadas, tapetes e coletes. Aos poucos, aproximam-se outros navios, entre eles o Birma. Recolhido o Standard 12, encerrado o trabalho de resgate. Lightoller é o último a subir no Carpathia. O navio se movimenta. Em rápida busca às imediações, encontra apenas o corpo de um homem com um sobretudo, que deriva lentamente para o sul. O Major Peuchen estranha, pois, vivos ou mortos, todos deveriam flutuar. Ao mesmo tempo, vê na superfície grande quantidade de cortiça: o tecido dos coletes não resistiu à baixa temperatura da água.

8h:35min
O Mount Temple ouve o Carpathia reportar que recolheu 20 botes (na verdade são 19 botes, pois o Dobrável A, abandonado no mar, será encontrado dias depois pelo Oceanic). Quando o navio passa pela área dos destroços, procede-se a um serviço religioso, tributado àqueles que já não vivem.

8h:50min
Começa a viagem para Nova York.

8h:50min
Nas horas seguintes, um comitê dos sobreviventes recolherá milhares de dólares para doar ao Capitão Rostron e seus subordinados.

9h:05min
O Mount Temple retoma seu curso original, após ouvir do Carpathia que já não precisa permanecer à escura.

9h:50min
Cottam, que agora tem a companhia de Bride no aparelho, passa a ignorar as mensagens que tratam do acidente, alegadamente por ordem do capitão, que manda priorizar as notícias dos náufragos às suas famílias. Notícias que, misteriosamente, só chegarão dias depois.

12h:10min
O Frankfurt chega à zona do naufrágio.

16h:00min
Em horário impreciso, no meio da tarde, mensagem de Ismay para Philip Franklin, em Nova York: Com profundo pesar comunico que Titanic naufragou nesta manhã, após colisão com iceberg, do que resultou severa perda de vidas. Informações completas mais tarde. Outro mistério: a mensagem não é enviada de imediato, ainda que autorizada pelo Capitão Rostron, e só o será na quarta-feira, dia 17, sendo recebida no mesmo dia por Franklin, às 9h da manhã.

18h:16min (horário de Nova York)
Recebida pela WSL norte-americana a primeira mensagem que dá conta do que realmente aconteceu. Vem do Capitão Haddock, do Olympic. Enviada bem mais cedo pelo comandante do Olympic, demorou para chegar, mas jamais se descobrirá se o atraso foi intencional, relacionado com as manobras de ressegurar a carga.

22h:30min (horário de Nova York)
Comenta-se que a White Star Line já dispõe de uma lista parcial de sobreviventes.

23h:55min (horário do navio)
Morre a bordo do Carpathia o marujo William Lyons, que fora retirado da água pelo Standard 4. Sepultado no mar.