sexta-feira, maio 26, 2017

O TRISTE FIM DOS ANIMAIS A BORDO NO TITANIC


No dia 17/02/2011, eu publiquei uma pequena matéria sobre os animais a bordo do Titanic. Clique aqui para ler.

A trágica viagem já completou 105 anos. O assunto poderia ser considerado esgotado se não fosse pelo fato de não haver sido mencionada a existência dos muitos animais que estavam a bordo.

Em reportagens veiculadas pela mídia londrina, em março de 2012, estima-se que viajavam a bordo em torno de 12 cães, 04 galinhas, 30 frangos, um canário amarelo e a gatinha Jenny, a encarregada de caçar ratos no navio. Alguns dos cães que estavam a bordo participariam de uma exibição/show que aconteceria no dia exato do naufrágio. Apenas três deles sobreviveram ao terrível naufrágio.

Os demais acompanhavam seus donos como a pequinês Suki, a pomerania Lady, a airedale Kitty, pertencente ao milionário americano J.J. Astor, e o buldogue inglês campeão, comprado pelo equivalente a 14.000 libras esterlinas de hoje, um cocker spaniel e um pequeno cachorrinho fru-fru.

Ainda que alguns dos cães estivessem nas cabinas com seus donos, outros viajavam trancados em pequenas jaulas colocadas no deck de carga, o que lhes tirou qualquer chance de serem salvos. Na verdade poderiam ser muitos mais, pois os animais de estimação não eram incluídos na lista de passageiros. As galinhas possivelmente pertencessem aos passageiros imigrantes que as trouxeram a bordo para poderem consumir os ovos, único luxo que podiam se dar na longa viagem para Nova York.

A gatinha Jenny pertencia a tripulação do navio. O cachorro favorito do capitão Smith, um galgo irlandês, que costumava acompanhá-lo nas viagens, nessa travessia foi felizmente deixado em casa.



Apenas três dos cães e o canário amarelo sabe-se com certeza que salvaram-se. Um deles foi a pequinês Suki, pertencente a Grace Rushton, que se recusou a entrar no bote salva-vidas sem ela. Contra o argumento de que a mesma ocuparia o espaço de uma criança respondeu: "Como não tenho filhos, considerem-na minha filha".

A temperatura gélida do Atlântico norte era de -2 graus, impossibilitando a sobrevivência na água. Os animais que não se afogaram, morreram de hipotermia. Uma lenda, porém, chama a atenção, a de Rigel, um terranova negro, pertencente ao primeiro oficial do Titanic, Willian Murdock. Surpreendentemente Rigel sobreviveu nadando na água gelada por mais ou menos duas horas até que o navio salvador, Carpathia, chegou. Conta-se também que foi seu latido de alerta que evitou que o navio abalroasse um dos botes salva-vidas ao se aproximar em demasia no escuro. Na época Rigel ficou conhecido, até mesmo pela necessidade de encontrar-se algo positivo em uma catástrofe daquela dimensão (Não há relatos oficiais sobre o cão Rigel. Os jornais do dia estavam oferecendo dinheiro pelas histórias do Titanic. Possivelmente o repórter escreveu tal história a fim de receber pela notícia).

O destino dos animais a bordo do Titanic foi proporcionalmente ainda mais trágico do que o dos humanos, uma vez que, de todos os animais, apenas três cães sobreviveram e foram levados nos botes salva-vidas por seus tutores: o lulu-da-pomerânia de Margaret Hays, o cão de Elizabeth Rothschild e o pequinês de Henry e Myra Harper.

Margaret Hays e suas amigas fugiram da cabine do transatlântico Titanic enquanto ele começava a afundar. Neste momento ela só pensava em salvar seu maior tesouro: Lily, seu cachorro spitz alemão. Quando Margaret entrou no bote salva-vidas, ela segurou firme Lily, que estava enrolada em um cobertor. As duas sobreviveram ao desastre marítimo mais célebre da história.

Há a história de Ann Isham, que preferiu morrer abraçada ao seu cão em vez de abandoná-lo. Ann Elizabeth Isham, 50 anos, visitava o canil do navio quando foi dada ordem de evacuação. Pediu para levar o seu cão, disseram-lhe que não, por ser muito pesado. Preferiu morrer junto ao animal de estimação. Uns dias depois, a equipe de resgate encontrou o corpo de uma mulher abraçada a um cão.

Um caso dramático melhor descrito foi o do cão Fru-Fru de Helen Bishop, que a contragosto, abandonou o cão em sua cabine, e ele ainda tentou impedi-la de sair sem ele, mordendo-a pelo vestido até que este rasgou. A sobrevivente ainda falou depois: “A perda do meu cãozinho me machucou demais. Jamais vou esquecer como ele se agarrava a minhas roupas. Ele queria tanto me acompanhar”.

De acordo com os arquivos oficiais do Titanic, apenas 12 cães teriam embarcado em Southampton, naquele abril de 1912, mas apenas três sobreviveram.

Uma curiosidade: No dia 18/04/1912, com a chegada dos sobreviventes, na confusão do cais, o cão de Elizabeth Rothschild morreu sob as rodas de uma carruagem. O salvamento do animal repercutiu na imprensa, pois o marido de Elizabeth não teve a mesma sorte.

Agora os cães do Titanic foram apresentados na exposição, RMS Titanic: 100 Years, na Widener Art Gallery, na Universidade de Widener, na Pensilvânia (EUA), que ocorreu nos mês de abril e maio de 2012.

“Não se sabe muito sobre os cachorros, mas todos estavam com os passageiros da primeira classe. Quando os ricos e famosos viajavam, eles costumavam levar os cachorros junto”, explica o curador da mostra, Joseph J. Edgette, professor emérito da educação e folclore. Uma vez que os cães eram considerados "carga", não havia uma lista oficial daqueles que estavam a bordo. Porém, Joseph Edgette, a partir de extensa pesquisa em documentos pessoas dos passageiros, criou sua própria lista com os cães, nomes, raças e tutores.



Todos os objetos expostos vieram da coleção particular de Joseph J. Edgette, inclusive a fotografia de um grupo de cães, tirada no convés superior do Titanic pelo Padre Francis Browne. O padre fotografou poucos sobreviventes e apenas de conhecidos no interior do navio. “A Kodak iria tirar fotos quando o navio chegasse em Nova York”, disse o curador.

Entre os outros passageiros caninos estava Airedale, Kitty, cujo tutor era John Jacob Astor. Nenhum dos dois sobreviveu. Outros artigos em exposição incluem jornais originais, réplicas do serviço de prata do Titanic.

“Existe uma ligação especial entre as pessoas e os animais. Para muitas, eles são considerados membros da família. Eu não acho que qualquer outra exposição sobre o Titanic retrate e reconheça o trabalho e o amor que estes animais tiveram para perder suas vidas em um cruzeiro”, finaliza Joseph Edgette.



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